sexta-feira, 1 de abril de 2011

Março passou

"São as águas de março fechando o verão..." (maestro Antônio Carlos Brasileiro Jobim)

Acabou-se março, longo março, e com ele o verão. Quem como eu mora mais ao sul da américa do sul, já percebe as diferenças climáticas. A noite a temperatura cai, a tardinha já se sente o ar mais frio, e nota-se (para minha tristeza), o outono estabelecendo-se, e que o inverno (para meu desespero) não tarda a chegar.

Tenho pavor do inverno, não gosto de sentir frio. Como já referi num texto do ano passado, o inverno só é aconchegante para quem vem passear pra esses lados, rezando pra ver neve (coisa que eu mesmo nunca vi e nem quero ver), achando engraçado sentir as extremidades quase tão geladas quanto picolé. Cada louco com sua mania, não é?

Eu é que sempre lembro, de que para cada criatura que acha divertido sentir frio, existem outros tantos que não vêem graça nenhuma. São esses irmãos, invisíveis para tantos, que vivem (vivem?) nas calçadas, sob marquises e viadutos, debaixo de parcos jornais velhos e cobertores, vestindo suas rotas chergas de inverno, lutando diariamente pelo direito de continuar vivo. São esses sub-humanos, sub-cidadãos que me preocupam, e é o frio deles, não o meu que me inquieta.

Juro que não tinha nenhuma intenção de tocar nesse assunto, nem sabia direito o que iria escrever, apenas escrevi. Coisas de quem é vermelho de alma, e quem é vermelho, grita pelos que não tem voz!

Um bueno abril para todos nós!

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