sexta-feira, 16 de julho de 2010

Para quem gosta de um inverninho...

Ah, o inverno! Charmoso, cheio de cheiros, estação da elegância e dos excessos gastronômicos! Ah, o inverno! Bela estação para estar sobre a cama e debaixo das cobertas! Ah, o inverno! Maravilhoso inverno não é?

Bom, creio que isso tudo só valha para quem se abala desde de suas quentinhas cidades para passar frio nas cidades serranas do sul do Brasil, pois passar frio por vontade própria, sentir as extemidades congeladas por opção, realmente deve ser divertido. Eu como nunca senti frio por esporte, me dou o direito de não gostar de me sentir entrando numa geladeira ao sair de cima da minha cama, uma ilha de calor em meio a um clima gelado. Levantar antes da 7 da manhã, com a temperatura próxima de 0ºC, é realmente algo que só quem vive consegue entender.

É claro, eu sei que existem pessoas que gostam de frio, mesmo morando para as bandas do sul, e eu é que não vou aqui bancar o mala. Só não entendo o que essas pessoas têm na cabeça, pois gostar de frio é algo que eu não consigo conceber. Mas não gosto por qual motivo? É por achar horrível andar parecendo um teletubbie, um pinguim, todo entrouxado, cheio de roupas? Sim, é também pelo incômodo, mas o que mais me incomoda nesta estação é outra coisa, bem mais séria.

O inverno é injusto... é a mais injusta das estações! Eu reclamo de barriga cheia por sentir frio, pois ao menos eu tenho o que vestir, um teto sobre minha cabeça, uma cama, muitos edredons e cobertores. A questão é: como ficam os irmãos que vivem nas ruas, tendo como teto as marquises (quando as têm), como roupas alguns farrapos que se resumem à poucas peças, a quem faltam calçados, a quem falta comida decente, a quem falta tudo, inclusive dignidade (o que aliás é o que eles menos têm)?

Em mim o que mais dói não é o vento gelado que me bate o rosto, me congela o nariz, me faz espraguejar... sinto vergonha ao dizer e pensar isso. Sinto vergonha por ser tão pequeno, tão egoísta e mesquinho. O que mais dói em mim (quando saio do universo eu mesmo onde impera o egoísmo), é me lembrar que tantas criaturas de todas as idades, congelam-se nas ruas das cidades, sem ter como fugir, (sobre)vivendo dia após dia. A cada geração, os seres humanos parecem mais ensimesmados, menos preocupados com o bem comum. Já é mais do que hora de nos darmos conta de que o mundo, vai muito além do nosso umbigo, mesmo que este esteja gelado.

Não tenho nenhuma intenção de fazer qualquer um passar a odiar o inverno, não tenho essa presunção nem de longe. Só desejo mesmo é que nós consigamos ampliar nossa visão, para além do nosso mundinho... eu disse nós, não me excluo, pois também preciso aprender e muito ainda nessa e em outras vidas que virão.

O espiritismo prega: "fora da caridade não há salvação"! Doe o que puder... doe roupas, comida... se não tiver nada a doar, doe-se! Doe tempo, doe afeto, carinho, e lembre-se de que doar sentimento é de tanta ou maior valia que qualquer outra coisa. Ame o próximo como a ti mesmo, assim manda a lei de Deus, e ele pede tão pouco pelo tanto que dá.

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