domingo, 10 de outubro de 2010

A difícil arte de recomeçar

Acalmados os ânimos, tomada a consciência de que é necessário se recomeçar, vem outra parte, que é tão difícil quanto esta: RECOMEÇAR. Chamo de arte, pelo fato de que recomeçar exige talento e força de vontade. Gostaria de ter este talento, e até trocaria o (pouco) que tenho para escrever, pelo talento de recomeçar com facilidade.

As coisas não estão fáceis, e toda a atitude que eu tomo, parece por assim dizer, infrutífera. Estou numa cidade em que, apesar de eu ter me criado, me sinto um estranho sempre, a qualquer lugar que eu vá. Para completar, parei de beber à algum tempo, e quando tentei recomeçar (para ver como é difícil), também não consegui, pois meu organismo não aceita mais o álcool, e este talvez fosse um dos poucos elos, das possibilidades de ampliar minhas relações de um modo geral.

Eu sei que nosso Deus, que é justo, infinitamente bom, e vagaroso em irar-se, jamais põe sobre os ombros de um filho, um fardo que não tenha condições de carregar. Quanto mais pesados os fardos, quanto maior a exigência, mais será dado. Eu carrego o fardo da solidão, de um isolamento do qual não gosto, de um mundo que vislumbro sem horizonte, de um amor que não tenho, de amigos com os quais não privo mais de companhia. Tudo se desfez, e o ponto do desfecho foi a minha formatura. A partir de então eu estou só, e não me vejo em condições de sair dessa solidão.

É triste ter tanto amor a dar, e não encontrar alguém que aceite. As vezes eu acho que eu deveria ser como o restante da média dos homens, frio e egoísta. Quando digo isso, algumas pessoas me falam que eu não devo mudar, pois isso é uma virtude minha. É, nem todas as virtudes são agradáveis não é? Eu gosto de ser como eu sou, de fazer uma mulher se sentir bem em meus braços, mas as vezes penso que preciso mudar, e olhá-lhas como criaturas descartáveis, objetos... É horrível dizer isso, mas eu não encontro mais forças para valorizar que não me valoriza, quem joga na lata de lixo o que eu ofereço.

Eu posso estar procurando no lugar errado, ou sendo tremendamente injusto ao esperar de alguém algo que este alguém não pode me dar, mas eu sou humano, falível, influenciável, falho. Tenho que parar com este meu complexo de menina virgem, e aceitar frivolidades, aceitar relações vazias, sem esperar delas mais nada do que o momento. Não dá para viver sonhando, não dá para ser assim. Chega!

Difícil arte... talento que eu não possuo... sem o talento, preciso desenvolver a técnica. Não é como aprender a jogar basquete, mas eu vou tentar aprender.

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